QUANTAS MADRUGADAS TEM A NOITE Ondjaki
Editorial Caminho
2006
"Quantas Madrugadas Tem a Noite" está destinado a
ser um marco na literatura angolana e na literatura de língua portuguesa em
geral. Com uma extraordinária mestria narrativa, Ondjaki conta aqui uma
história em que não se sabe o que admirar mais, se a fulgurante imaginação do
autor, se a sua capacidade para a criação de tipos e situações carregados de
significado, se a sua capacidade para elevar a linguagem coloquial a um
altíssimo nível literário. O humor, a farsa, o lirismo, a tragédia, o horror,
todos estes sentimentos são aqui convocados e expostos, com a fluência de quem
conta, simplesmente, uma história, na Luanda dos dias de hoje. Assim:
«Num tenho dinheiro, num vale a pena te baldar. Mas, epá, vamos só desequilibrar umas birras; sentas aí, nas calmas, eu te pago em estória, isso mesmo, uma pura estória daquelas com peso de antigamente, nada de invencionices de baixa categoria, estorietas, coisas dos artistas: pura verdade, só acontecimentos factuais mesmo. A vida não é um carnaval? Vou te mostrar alguns dançarinos, damos e damas, diabo e Deus, a maka da existência.
Transformo só o material pra lhe dar forma, utilidade. O artista molha as mãos pra trabalhar o destino do barro? Eu molho o coração no álcool pra fazer castelo das areias em cima das estórias...
Uma noite, quantas madrugadas tem?»
«Num tenho dinheiro, num vale a pena te baldar. Mas, epá, vamos só desequilibrar umas birras; sentas aí, nas calmas, eu te pago em estória, isso mesmo, uma pura estória daquelas com peso de antigamente, nada de invencionices de baixa categoria, estorietas, coisas dos artistas: pura verdade, só acontecimentos factuais mesmo. A vida não é um carnaval? Vou te mostrar alguns dançarinos, damos e damas, diabo e Deus, a maka da existência.
Transformo só o material pra lhe dar forma, utilidade. O artista molha as mãos pra trabalhar o destino do barro? Eu molho o coração no álcool pra fazer castelo das areias em cima das estórias...
Uma noite, quantas madrugadas tem?»
Sem comentários:
Enviar um comentário