Grácio, 2015
Não se sabe muito bem onde
começa um livro…o mais certo é começar com um pequeno poema que vai flutuando
na cabeça enquanto decorrem os dias. Depois, há um momento habitualmente
despoletado por uma criança, a vontade muito grande de comunicar com essa
pequena pessoa. Bom, talvez tudo isto tenha começado na minha infância, na
praia do Vau (Portimão) numa daquelas madrugadas que antecedem um memorável dia
de pesca a bordo do Sabiá (o barco do meu Tio). Ou ainda, mais pequenino,
revirando as pedras na maré vazia à procura de animais escondidos nas poças de
água, sendo surpreendido por um polvo bebé muito zangado que logo tingiu tudo
de preto com o seu ferrado. O certo é que todo aquele azul que despenhava em
ondas sobre os meus pés continha algo de intrinsecamente concordante com os
meus olhos e com a minha existência, ao ponto de passar intensamente para a
minha pintura. Agora está aí o livro e responde a algumas preocupações que me
veem assaltando. As crianças sabem pouco sobre o oceano; não há tempo para o
mar no meio de tanta meta curricular, sendo certo que só conseguimos defender
aquilo que conhecemos bem.
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