O poeta sueco Tomas Tranströmer é o Prémio Nobel da Literatura de 2011, acaba de ser anunciado em Estocolmo pela Academia Sueca.
Tomas Tranströmer escreve sobre a morte, a história, a memória e é
conhecido pelas suas metáforas. É um poeta que tem uma produção pequena,
"não é prolixo", disse no final do anúncio o secretário da Academia,
o historiador Peter Englund, embora esteja traduzido em várias línguas. Em
Portugal, Tranströmer tem poemas publicados em duas antologias, uma delas
chama-se "Vinte e um poetas suecos" (Vega ,1987).
(in Publico) »»
Lisboa
No bairro de
Alfama os eléctricos amarelos cantavam nas calçadas íngremes.
Havia lá
duas cadeias. Uma era para ladrões.
Acenavam
através das grades.
Gritavam que
lhes tirassem o retrato.
“Mas aqui!”,
disse o condutor e riu à sucapa como se cortado ao meio,
“aqui estão
políticos”. Vi a fachada, a fachada, a fachada
e lá no cimo
um homem à janela,
tinha um
óculo e olhava para o mar.
Roupa branca
no azul. Os muros quentes.
As moscas
liam cartas microscópicas.
Seis anos
mais tarde perguntei a uma senhora de Lisboa:
“será
verdade ou só um sonho meu?”
Tradução de
Vasco Graça Moura
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